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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Um Trecho do Antigo “Wen-tzu” Taoísta: A Relação Entre Ética e Equilíbrio Ambiental

Lao-tzu disse:

     Nos tempos antigos, quando o Imperador Amarelo governava a terra, ele  sintonizava as trajetórias do sol e da lua, dirigia as energias do yin e do yang, regulava as medidas das quatro estações, corrigia os cálculos do calendário, definia os lugares dos homens e das mulheres, clarificava acima e abaixo, impedia que os fortes abusassem dos fracos, e cuidava para que a maioria não prejudicasse as minorias.
    As pessoas viviam suas vidas até o final e não morriam prematuramente, as lavouras amadureciam na época certa e não fracassavam. Os  funcionários públicos eram corretos e imparciais, os  governantes e os governados estavam em harmonia e não tinham ressentimentos. As leis e as diretrizes eram claras e não obscuras, os ajudantes eram justos e não obsequiosos. Os que cultivavam os campos cediam nos limites, os bens perdidos não eram recolhidos nas estradas, os comerciantes não cobravam demasiado.
     Por isso, naqueles tempos o sol, a lua, as estrelas e os planetas não se desviavam dos seus cursos, o vento e a chuva vinham no tempo certo, e as colheitas de cereais eram abundantes. As aves fênix voavam pelos jardins, os unicórnios perambulavam pelo interior.

[Do capítulo 15 da obra “Wen-tzu - A Compreensão dos  Mistérios”, ensinamentos de Lao-tzu, tradução do chinês de Thomas Cleary, Ed. Teosófica, 198 pp. ]

A "CARTA" DO CACIQUE SEATTLE

 Em 1854, o presidente dos Estados Unidos propôs comprar uma grande área de terra dos índios peles-vermelhas, prometendo uma reserva para que nela eles pudessem viver. A resposta do Cacique Seattle é tida como uma profunda declaração de amor ao Meio Ambiente, brotada do coração puro e simples de um índio cheio de reconhecimento à Natureza por tudo de bom que ela dá ao homem. Eis a resposta:

O pronunciamento do cacique Seattle

O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.
 Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano.
            Minhas palavras são como as estrelas que nunca empalidecem.
            Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.
            O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem - todos pertencem à mesma família.
            Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para nós sagrada.
            Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.
            Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa.
         Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto.
Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende.
            Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das assa de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou recendendo a pinheiro.
            O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.
            O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragrância das flores campestres.
            Assim, pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
            Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que (nós - os índios) matamos apenas para o sustento de nossa vida.
            O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.
            Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.
            De uma coisa sabemos. A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.
            Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará, para chorar sobre os túmulos de um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
            Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador.  
         Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.
            Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.
            Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver os nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas florestas e praias, porque nós a amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.
            Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Preteje-a como nós a protegíamos. Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse: E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos.    
         De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.

 Fonte: http://www.ufpa.br/permacultura

domingo, 23 de janeiro de 2011

Ecologia, sociedade e Meio Ambiente

Processo evolutivo


 Começo refletindo sobre o que realmente somos e o que viemos fazer? Talvez nunca encontre a resposta. Aprendemos muito cedo que os seres humanos são animais racionais porque tem capacidade de pensar, e como os outros seres... Nasce, cresce, reproduz, envelhece e morre. Até aqui tudo bem, mas se pararmos pra avaliar esse ciclo da vida vimos que não é tão simples assim. Por sermos seres “pensantes” nos fizeram acreditar ter capacidades de produzir todos os arranjos que a natureza levou milhões de anos para produzir através da evolução. Por ter recebido a patente de seres superiores os humanos ditos racionais começaram a usar a tecnologia, desde que usaram uma vara para pegar uma fruta de uma árvore ou escavar raízes e tubérculos. Mas o uso real dessa tecnologia começou quando os humanos começaram a aproveitar primeiro a energia do fogo, depois os combustíveis fósseis como carvão, em seguida a hidroeletricidade, petróleo e energia atômica. Processos evolutivos relacionados a tal racionalidade. Que fique claro, evolutivo para o homem! Ecologicamente falando, ou melhor, tentando entender... A natureza em milhões ou bilhões de tempos arrumou nossa casa com todos os detalhes para que tudo funcionasse em harmonia, animais e vegetais vivendo em equilíbrio, cada um com o seu papel funcional.
A nossa racionalidade regride, volta à Ecologia, aprendemos de tudo um pouco nessa jornada evolutiva, no entanto, carecemos conhecimento do nosso próprio habitat. Problemas ocasionados por nós parecem invisíveis, não sentimos imediatamente e nem são facilmente identificados, mas estão aqui desde que começamos a pensar na melhor forma de nos dar bem.
O consenso geral é que a ecologia é algo estranho, complexo, muitas vezes levada a crer que pode ser totalmente suprimida ou substituída por tecnologia, que por sua vez é considerada suficiente para a sobrevivência e o bem-estar dos humanos, seres Racionais Tecnologicamente Equipados, provavelmente, esse será o próximo reino na classificação científica dos organismos.

Tecnologia envolve essencialmente a transformação da matéria, utilizando a energia. Como todos sabem a matéria e a energia são regidas pelas leis da termodinâmica. A primeira lei afirma que a matéria e a energia nem pode ser criada nem destruída. Energia é o alto grau quando se está em uma forma com alta disponibilidade para fazer um trabalho aplicado. Todos os processos físicos naturais e tecnológicos procedem de tal forma que a disponibilidade de energia envolvida diminui. O que é consumida quando usamos a energia, então, não é a energia em si, mas a sua disponibilidade para fazer trabalho útil. Na segunda lei da termodinâmica aprendemos que é impossível reciclar energia e que, eventualmente, toda a energia será convertida em calor. Também é impossível reciclar materiais com preenchimento de 100%. Alguns materiais são irremediavelmente perdidos em cada ciclo.

A transformação da matéria pela energia, que é a essência da tecnologia, portanto, envolve custos - custos em termos de quantidades perdidas de matéria, como a transformação de 100% é impossível e os custos em termos de energia passando para um estado de indisponibilidade, essas duas coisas também envolvem produção de resíduos levando a entropia do ambiente - um custo local em termos de poluição e lixo. Agora, se todos estes custos são levados em conta, o custo de produção de qualquer produto, onde a energia que não a energia solar, é utilizada, é superior ao seu valor. Aumento da produção significa aumento dos custos.

Neste caso o esforço econômico é realmente um esforço duplo. Tem como objetivo produzir um excedente, mantendo os custos baixos. Na natureza, entretanto, o excedente é produzido sem custos aparentes por centrais que utilizem energia solar. Por exemplo, na fotossíntese as plantas sintetizam alimentos para suas necessidades de sobrevivência e alimentação adicional é produzida para as necessidades de sobrevivência de outros organismos. Pouquíssima energia solar é passado para fora em forma de calor e quase nenhum resíduo é produzido para aumentar a entropia do ambiente.

O que a Natureza produziu foi um sistema fechado. A matéria é reciclada e energia é irradiada, sem produzir resíduos. A entropia na atmosfera é principalmente por meio de acontecimentos acidentais, fenômenos naturais, como inundações excepcionais, fogo, raios, terremotos, secas, etc. A Natureza continua seu trabalho de recuperação e reabilitação, resultando em diminuição de entropia.

Em tal sistema, enquanto os custos são baixos assim é o excedente. Em uma floresta madura a produtividade líquida é zero. Tudo o que é produzido é consumido e / ou reciclados, o excedente é pequeno e não pode ser armazenado por um longo tempo. Todos os animais que vivem na floresta são ajustados para utilizar este pequeno excedente, sempre que ele estiver disponível. A pequena quantidade deste excedente controla suas populações e os mantém em equilíbrio com a oferta de alimentos. Ecologia, portanto, coloca limites à criação e manutenção desse superávit e controla o crescimento populacional. Os seres humanos só podem aumentar a oferta de alimentos e consequentemente da população humana, negando controles prescritos pela ecologia.

O excedente é produzido apenas por negar a influência da ecologia. A agricultura é o primeiro esforço humano para produzir um excedente. Uma monocultura agrícola é essencialmente contrária aos regimes policulturais existentes na natureza. O controle ecológico sobre a agricultura é expresso através de pragas que tentam destruir as culturas. Na promoção de excedentes agrícolas ainda estão tentando superar esses controles usando armas químicas opondo-se aos princípios ecológicos.


Tecnologia versus Ecologia


O Industrialismo que foi o resultado de grandes avanços na tecnologia durante a segunda guerra mundial, pode gerar o seu próprio anti-clímax. Pode-se mesmo perguntar se ele cavou sua própria sepultura? Ao apresentar o industrialismo, cuja encarnação é o capitalismo social, se aquece em seu próprio triunfo que resultou da destruição quase total do comunismo. O pós Segunda Guerra Mundial resultou em exploração, na verdade uma impiedosa exploração dos recursos, especialmente recursos não-renováveis. O resultado foi o rápido esgotamento dos recursos acessíveis e aumento dos custos sociais. A sociedade industrial dos EUA foi descrita como a produção de riqueza privada e à miséria pública. Com o crescimento da escala de produção, problemas ecológicos veio a ser sentidos como o desperdício e a poluição. Este foi o tempo (na década de setenta do século passado), quando o ambientalismo teve seu nascimento.

A necessidade de redução dos custos e maiores investimentos em matérias-primas, energia e melhorias na tecnologia, exige acumulação de capital através da concentração da riqueza nas mãos da minoria e quando os governos fazem investimentos, privam a maioria das necessidades básicas, como boa educação, saúde, saneamento, segurança, moradia, etc... Em países menos desenvolvidos também envolve a destruição do capital natural em que a subsistência de muitos depende.

Os chamados países desenvolvidos impedem o desenvolvimento de países pobres através de melhorias em tecnologia e maior acesso à energia e recursos disponíveis, com isso, altas escalas de produção. A tragédia é que os países menos desenvolvidos estão tentando seguir o mesmo modelo, ou seja, maiores escalas de produção, maior e implacável exploração dos recursos naturais, maior entropia do ambiente, maior desigualdade de renda e falta de poder de compra para a maioria. Contudo maiores investimentos em tecnologia e produção só são possíveis, negando a maioria das pessoas, educação, saúde, saneamento, alimentação, etc...

Deve haver um esforço consciente para reconhecer as necessidades ecológicas e de alocar recursos adequados para elas. Ter consciência de que as necessidades básicas incluem além do que conhecemos, ar limpo, água potável e solo saudável, assim se garante qualidade de vida.

A tecnologia tem de mudar sua direção e conteúdo, deve facilitar e não dificultar e substituir os serviços essenciais e processos ecológicos. A substituição custa caro e terá efeitos colaterais.


Ética ambiental, será a solução?


A ética ambiental se preocupa com a questão da conduta pessoal e responsável no que diz respeito às paisagens naturais, os recursos, de espécies e organismos não-humanos. Conduta em relação às pessoas, é claro, a preocupação direta da filosofia moral como tal.

Temos, nos últimos dois séculos, conseguido uma esperteza que ultrapassou a nossa sabedoria. O crescimento do conhecimento científico, seguido por um crescimento paralelo na engenhosidade técnica, criou um "crescimento explosivo " em problemas morais - alguns sem precedentes na história humana.

A ética é uma preocupação muito antiga do ser humano (mais antigo, talvez, do que a própria filosofia). A ética ambiental é ainda muito recente, no que se refere às ações do homem para com a natureza, acredito que não deveria se fragmentar as questões éticas, pois, ético seria todo aquele que em qualquer setor, seja ambiental, social, político, econômico... executasse suas ações responsavelmente sem lisura.

Quando o ecossistema não foi entendido, ou mesmo reconhecido e apreciado como um sistema, quando se acreditava que a Terra e seus deserto eram muito grandes para serem danificados pela escolha voluntária humana, nesse momento, não houve ética ambiental, pra mim, ética nenhuma. Mas em nosso próprio tempo temos revalidado o mito do Gênesis, com o conhecimento vem poder, e com tanto conhecimento e poder, nós perdemos nossa inocência.

As questões da ética ambiental são de grande importância, ou seja, estas questões envolvem escolhas morais que nós podemos fazer e, mais ainda, que devemos fazer. Nossa responsabilidade moral com a natureza e para o futuro é de urgência importância, e é uma responsabilidade que não podemos escapar.


Considerações Finais


O atual sistema de desenvolvimento e crescimento sócio-econômico tem criado um enorme desequilíbrio no ambiente, o que causa uma grande preocupação para toda a sociedade, a acumulação de riqueza no mundo, aumenta a degradação ambiental de forma gradual, dia após dia, como resultado da busca incontida de melhorar a qualidade de vida sem se importar com as consequências trazidas até a natureza.

O desenvolvimento sustentável deve ser visto não apenas como uma redução dos impactos das atividades econômicas no ambiente, mas, principalmente, como estes efeitos influem na qualidade de vida e bem-estar da sociedade, tanto para as gerações atuais e futuras.

A responsabilidade social e ambiental devem caminhar juntas com o desenvolvimento sustentável. Para isso, é importante que cada cidadão entenda a importância de protegê-la como uma parte importante de desenvolvimento e crescimento, uma vez que o crescimento não está preocupado com a igualdade, justiça social, ou qualquer outro aspecto da qualidade de vida, a menos que o acúmulo de riquezas, enquanto desenvolvimento concentra-se em distribuí-los para melhorar a qualidade de vida para todas as pessoas, levando em consideração, portanto, a qualidade ambiental do nosso planeta.

É nossa obrigação buscar um mundo melhor para nossos filhos e netos para que eles possam conhecer o ambiente, respirar um ar saudável, viver uma vida sem se tornar vítima de erros das gerações passadas e, acima de tudo, não sentirem os impactos da ações não calculadas sobre o meio ambiente.

Acredito que isso é possível e é exatamente por isso que me preocupo com a qualidade ambiental e quero deixar essa herança para o mundo - o dom de existir, viver bem e do privilégio de poder conhecer as maravilhas que este mundo nos oferece, assim estou exercendo o meu papel de cidadã e acima de tudo de ser humano.